16 de abril de 2018

NO TEMPO EM QUE TUDO ANDAVA MAIS DEVAGAR

No tempo em que tudo andava mais devagar eram os fins de tarde demorados e calmos, debaixo do alpendre, com a planície quieta e imensa ali ao alcance da mão que me deixava no sonho de que um dia voltaria a ver-te e iria ficar contigo pelo tempo que ainda nos restasse viver.
E aparecias-me na mansidão de uma brisa morna, ficávamos de mãos dadas, dedos entrelaçados como nos cestos em que o vime lhes dá segurança, a tua cabeça no meu ombro e os nossos olhos na direcção de um sol incendiado a cair ao longe por detrás do grupo de oliveiras.
A noite chegava devagar até que se fechava, pejada de pontos brilhantes, uma lua madrugada dentro a entrar pelo quarto e a encher de reflexos de prata aquele nosso momento de amor.