17 de setembro de 2018

QUANDO TE INVENTEI
eras uma teimosia em forma de resistência;
uma força onde se sentia segurança,
um rosto onde se lia determinação
e um olhar banhado de esperança
que te subia do coração.
Por seres tudo aquilo que eu não era
um ânimo que não eu (tu nem sabias de mim)
de dia, seguia-te escondido na minha própria sombra
e de noite, sonhava-te no escuro da solidão do ser só.
Se soubesses de mim, ficaria teu escravo
e desprezar-me-ias, por saberes, demasiado tarde
do meu amor egoísta, interesseiro, cobarde.
Um dia desapareceste (ou fui eu que te esqueci...)
Porque foi que morri?
(Eu e os meus fantasmas, Mário Jorge Santos, 1980)