28 de maio de 2021

ESTADO DE EMERGÊNCIA

 

Abro a janela do quarto, no silêncio
das ruas e das praças desertas
da minha cidade abandonada
cheia de pessoas por dentro!
Será que alguém ainda se lembra
para que lado está o futuro?
Será que ainda temos tempo para voltar
ainda temos forças para amar?
Deixo a janela aberta, respiro
fatia de Sol num chão de sombras
enquanto o silêncio vai envolvendo
o cenário, despido de esperança;
e, depois, só resto eu (à janela)
e a natureza que não se fecha!
(MJS, Eu e os meus fantasmas, 2020/04)

24 de maio de 2021

UMA POR TODAS E TODAS POR UMA

 

É com enorme gosto que assim presto a minha homenagem às quatro heroínas,
com este soneto "UMA POR TODAS E TODAS POR UMA
Uma por todas e todas por uma
Como quatro “mosqueteiras”
São peregrinas, companheiras
Ao vento, à chuva, pela bruma
Assim vão indomáveis, sem barreiras
Juntas p’la vontade que as apruma
Na força de querer e mais nenhuma
Ultrapassam fadigas e canseiras
Já ao longe, ecos de música celestial
Em Compostela, de paz e de bonança
Onde Santiago deixou nome e um sinal
Fim do caminho, não d’ esperança,
É no silêncio quieto da vetusta catedral
Que unem votos já de feliz lembrança.


8 de maio de 2021

MÃE

 

MÃE
quando me pariste num esforço de amor,
me abrigaste no teu peito inquieto
e protegeste com o teu braço de afecto,
era pequeno grito ensanguentado de dor
esbracejando de medo no mundo incerto.
Agora que gastámos décadas de vida
quem me dera cambalear insegurança
matar esta saudade, não sendo criança,
poder ter o teu colo como guarida
ver no teu olhar o sorriso de esperança.