24 de outubro de 2011

AO MEU MAIOR AMIGO

Partiste
e eu não pude estar perto de ti.

Recordo a tranquilidade com que passaste pela vida
ultrapassando adversidades com a mesma serenidade discreta
com que consumias os momentos felizes.
Recordo como davas a conhecer as tuas opiniões
principalmente quando discordantes,
sem afrontamentos, sem amuos, sem exaltações,
apenas com aquele teu jeito de dizeres quase humildemente:
'Eu teria feito de outra maneira; eu não teria dito assim...'
Recordo que nunca te ouvi uma má palavra para alguém,
nem má vontade acerca do que quer que fosse.
Recordo que eras justo, apaziguador e respeitador dos outros
das suas formas de estar, das suas convicções,
das suas crenças.
Sem revoltas, sem angústias, sem guerras.
Um homem de paz.

Ser tão diferente de ti, como eu sou,
apenas me faz recordar com mais admiração
aquilo que foste e continuar a dar, a mim mesmo,
um esforço para tentar suavizar as minhas tempestades.

Obrigado, pai, por iluminares o meu caminho.
(o meu pai morreu no Hospital de S. José, na madrugada de 19 de Abril de 1999, de cancro.)