9 de fevereiro de 2023

AO CAIR DO PANO

 

"Quem nunca caiu não tem bem a noção do terrível esforço que é preciso para se manter de pé."
Não sei quem é o autor desta frase mas ela é verdadeira quer a vejamos pelo lado estritamente físico como pelo lado figurado.
apenas seis meses atrás eu não sabia andar, ou melhor, deixei de saber andar porque o tumor que me comprimia as vértebras e invadia a medula espinal não deixava que as ordens do cérebro chegassem às pernas e ordenassem põe-te a andar! Tinha então a sensação que caminhava permanentemente sobre grãos de areia, descalço ou calçado, e a perna esquerda deixava, de repente, de obedecer e... eu caía!
Depois, a radioterapia operou o pequeno milagre, o tumor recuou e eu fui ganhando a capacidade de voltar a andar, apoiado numa primeira fase num andarilho, de seguida numa bengala, não fosse recuar no progresso, e finalmente atrevi-me e passei a andar como um bébé ou quase, sempre muito incerto mas com vontade.
Hoje estou a andar como qualquer pessoa embora ainda aguente pouco pois os músculos ainda estão fracos e não consiga correr em segurança, por isso prefiro continuar só pelo andar.
Outra coisa é o sentido figurado da frase.
Para muitos de nós o esforço para se manterem "em pé" torna-se hercúleo e não raro, impossível de sustentar em permanência. As quedas são perigosas e muitas vezes irrecuperáveis.
"Quanto mais alto se sobe de mais alto se cai e, logicamente, maior é a queda".
Os tropeções da vida colocam-nos à prova.
Mas não creio que sejam desígnios divinos. A responsabilidade é nossa. Somos nós que numa maneira ou de outra os provocamos.
Assim, ou percebemos exactamente o que nos acontece ou ficamos sem remédios que nos permitam evitar nova queda; não sabemos o que nos aconteceu e porque aconteceu dessa forma e ficamos sujeitos a novas contrariedades sem nos darmos conta que são tão semelhantes às anteriores.
Por isso, acreditem. É sempre muito mais avisado sabermos o que temos e com o que podemos contar; depois será a nossa força e capacidade de luta contra a adversidade que temos de chamar.
E vale a pena não nos entregarmos.
A vida continua à nossa espera para nos conceder novos prazos, pôr-nos perante novos desafios, colocar-nos novas possibilidades de sairmos vencedores ou não. Mas, a única derrota que podemos ter é se desistirmos!