23 de outubro de 2011

NOVOS CONVENCIDOS DA VIDA

Uma nova casta de gente que se instalou, 
um pouco por todo o lado.

Irmanada na doutrina que lhes vai alimentando os umbigos,
pratica a auto exaltação, a lisonja hipócrita e o elogio airoso,
deixa apenas deslizar rumores, nada de sumptuoso
não vá o diabo tecê-las, retirar o brilho e embaciar as máscaras.
É apenas terapia de grupo, espécie de ordem unida, 
faz parte do breviário.
Enxameou política, negócios, empresas, comunicação social,
a vida na arte de comentar tudo,
mesmo o que não tenha motivo para comentário.
Mira-se no espelho com a frequência necessária
para tonificar a vaidade
e ouvir o elogio, que o próprio espelho condescendente,
lhe devolve como se fosse uma condecoração.
Exímia na exaltação da sua própria natureza de excelência,
sem mácula nem erro, porque não há que enganar,
o caminho é sempre em frente e para cima,
por cima do que quer que seja,
por cima de tudo o que mexa.
Trata a humildade como horrível doença contagiosa
e sorri displicente a quem lhe mostra uma rosa
coisa de poeta louco que nunca irá a lado nenhum.
Mas, se pressente que o chão lhe foge, ou caie em desgraça
e vai na vida cano abaixo tenta o golpe sem graça,
para quedas que lhe sustente a queda vertiginosa
na teia dos seus pares, que antes eram concorrência odiosa.
E se o espelho embaciado pelo vapor
de tanta arrogância a presunção
já não lhes responde,
transformado em vidro fosco e sem brilho
fica-lhes então a rosa, mesmo que seja doença do coração.


Convencidos da vida ou vencidos por ela, poetas nunca serão!