22 de setembro de 2017

QUANDO SE ACORDA ANTES DA CASA.


A MANHÃ VEIO CINZENTA. Talvez ainda traga uma chuva a anunciar que o Verão já era e o Outono quer entrar apesar de todos sabermos, alguns por experiência e bem amarga que o clima está a mudar, um pouco por todo o lado, e não é para melhor; ontem quando espreitei a noite, antes de me deitar, não encontrei estrelas ou Lua e agora falta Sol...

ACORDEI ANTES DA CASA, as sete horas tinham começado o seu ciclo. Durante momentos, fiquei de olhos projectados no tecto, sentindo a respiração da companheira que conheci há mais de meio século - apenas o tempo que leva um fósforo a consumir-se na sua própria chama - e a recordar que no 22 de Setembro de 1970, uma terça feira - também a tinha ao meu lado, por esta hora, em Santiago do Cacém, num quarto de hotel no fim da terceira noite de uma lua de mel vivida ao ritmo alucinante que nos obrigava o facto de eu ter de estar em Mafra, logo na 6ª feira, para a 'segunda parte' da instrução militar.

QUANDO SE ACORDA ANTES DA CASA, como eu hoje, há lembranças que saem do silêncio dos móveis, dos quadros pendurados nas paredes, dos livros que se acomodam nas estantes, das fotos dos momentos que a nossa máquina do tempo ainda é capaz de recordar com a saudade que nos deixa felizes com aquele aperto no peito.

ACORDEI ANTES DA CASA e andei por aqui, meio perdido à espera que a manhã me apanhe e me empurre para o dia que já vi cinzento e cansado. Às vezes também me sinto assim! Cinzento e cansado. Hoje pode ser? Não! É melhor não....