De longe, pela estrada do Corval é aquela bossa saliente no ventre quase liso da planura alentejana, em volta, como se a terra tivesse engravidado.
Nas noites limpas, a iluminação que dá ao conjunto ares de estranha nave a pairar entre uma enorme lua de néon e o vácuo negro em redor, mantém a majestosa visão de algo que nos atrai como se gigantesca mão invisível a segurasse na sua palma.
Dizem que não se deve voltar ao lugar onde se foi feliz. Não acredito que haja algum problema com isso. Foi impossível resistir ao chamamento e, lá estivemos mais uma vez, ao fim de tarde, a jantar no mesmo restaurante com a varanda virada ao poente a desabar pela encosta, o Sol vermelho na linha do horizonte e tu para mim
- lembras-te? –
e a tua mão atravessou a mesa para se enconchar na minha, eu olhei-te nos olhos e lembrei-me. Estavam a sorrir como da outra vez em que começara uma noite de amor.
Havemos de lá voltar um dia...