21 de outubro de 2023

UM AUTOR (DES)CONHECIDO

 

Quando coloco os meus pensamentos em palavras e exponho as minhas vivências, muitas vezes como feridas ainda abertas, outras sanadas pela cura dos tempos, sinto-me um autor (des)conhecido.
Quando acordo, no meio da noite, com uma ideia e então levanto-me (nem sempre, raramente o faço) para anotar o que sinto para que nada fique esquecido, sinto-me um autor (des)conhecido.
Quando me sento à frente do pc, navego pelo éter e nas palavras, ponho o peso e a medida que me faz estalar sentimentos e digo o que sinto, mas não me vejo, sinto-me um autor (des)conhecido.
Quando acham que o que escrevi é tão bonito que um simples mortal não teria escrito e então atribuem a autoria a alguém que todos já conhecem, sinto-me um autor (des)conhecido.
Quando cansado me deixo levar, por momentos, na tentação de baixar os braços e me pergunto se vale a pena lutar se de qualquer maneira amanhã tudo recomeça, sinto-me autor (des)conhecido.
Autor (des)conhecido, os pedaços de mim espalhados por aí são e sempre serão pedaços de mim, que eu reconheço, que quem me conhece, reconhece, que eu abrigo e me ajudam a dar abrigo e ninguém pode tirar de mim.