16 de agosto de 2023

QUANDO ABRIMOS OS OLHOS, são as janelas do corpo que se abrem, e tudo o que nos rodeia fica reflectido dentro de nós. O mundo de cada um. Mas raramente o mundo de cada um é igual ao do próximo, embora ambos tenham o mesmo cenário à sua volta. Fica, então, a palavra para descrever o que os olhos vêem.

Mas, não basta ter ouvidos para ouvir o que é dito porque também aquilo que for dito como interpretação do que se está a ver pode ser entendido, pelo outro, de maneira diferente.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
"Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro
Ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver.
Cummings inspira-se no zen-budismo, quando escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos abriram-se".
É preciso que haja silêncio dentro da alma e aprender a gostar, mas gostar mesmo, das coisas e das pessoas que o cercam.
Essa é a aprendizagem que nos permite deixar apenas de olhar e passar a ver; essa é a aprendizagem que nos concede a certeza de que estamos a ouvir o que o outro está a querer dizer-nos.
E, com isso, aprendemos ainda outra coisa muito importante.
Conseguimos dialogar. E sermos tolerantes.
Vou treinar isto...