Voltaste de noite e sem lua,
sem amargura,
nem desejo de vingança.
E eu, à porta da rua,
a olhar-te como se olha uma lembrança.
E vi-te de alma nua,
tão despida
mas tão cheia de esperança
que te abracei num impulso, num ardor.
E disseste: Voltei e serei tua,
se me quiseres,
assim mesmo, como sou. .
E eu, disse na sombra do olhar:
Perdoa-me, se puderes.
Eu aqui estou.
E ficámos assim, sem mais dizer,
um púcaro de vinho ao lado,
uma guitarra, baixinho a gemer,
silêncio que se vai cantar o fado
até o dia nascer..