8 de outubro de 2014

FADO À ESPERA DUMA GUITARRA

Voltaste de noite e sem lua,
sem amargura, 
nem desejo de vingança.

E eu, à porta da rua, 
a olhar-te como se olha uma lembrança.

E vi-te de alma nua,
tão despida
mas tão cheia de esperança
que te abracei num impulso, num ardor.

E disseste: Voltei e serei tua, 
se me quiseres, 
assim mesmo, como sou. .  

E eu, disse na sombra do olhar:
Perdoa-me, se puderes. 
Eu aqui estou. 

E ficámos assim, sem mais dizer,
um púcaro de vinho ao lado,
uma guitarra, baixinho a gemer,
silêncio que se vai cantar o fado
até o dia nascer..