2 de dezembro de 2022
1 de dezembro de 2022
O VENTO VARREU A CHUVA
24 de novembro de 2022
VIAGEM
Viajo no silêncio ao sabor do vento,
neste céu de vida, como ave errante
admirador da paisagem circundante
num tempo sem tempo de tão lento
árvores estendem os seus braços
como se quisessem agarrar os laços
de uma saudade já tão distante.
enquanto o rio sinuoso, lá em baixo
brilha à luz do Sol, réptil rastejante.
e o vento que me empurra a viagem
súbito amaina e me deixa pendurado
gaivotas acompanham-me um instante
no nada, sem urgência desta passagem.
30 de outubro de 2022
RICO É QUEM TEM TEMPO
14 de outubro de 2022
FICAS TÃO BONITA QUANDO TE VESTES DE TI
4 de outubro de 2022
A MENINA DO PAPEL SELADO
2 de outubro de 2022
APESAR DE...
10 de setembro de 2022
AH! MEU GRANDE SETEMBRO (II)
Antigamente – mas mesmo muito
antigamente –
Quando eu era menino e moço
Havia verão em setembro! Mas verão a
sério!!!
Respeitava-se as estações do ano,
caraças!
Gostava de ouvir agora o Vivaldi a
compor as quatro estações.
AH! Deixa-me rir!
Devia ficar daquelas atrapalhações
de sons arrepiantes
Dessincronizados que às vezes a
gente finge que sim
E depois chama… música… música
quê???
Mas, que dizia eu?
Ah! Sim, meu grande setembro, pois
claro.
Ia de férias para Sesimbra, à
confiança.
Sol em grande, todos os dias.
Água boa, quase quente, todos os
dias.
Passeios pela areia à beira mar,
à beira do coraçção,
à beira da paixão,
à beira do namoro de férias que se
interrompia
e voltava no ano a seguir!
Aquilo sim era verão!
Então e agora?
Agora o que é? Grande setembro?
Um abalo sísmico na Conchichina
Estremece tudo por ali fora da Japão
à China
O norte de África, um vulcão numa
ilha qualquer do pacífico
Chovem cinzas, chovem ventos de cor
amarela
Se não chove é logo uma seca
Se chove é logo enxorrada
Mais uma tempestade de fogo
Uma floresta queimada
E uma onda de calor, antes de um
frio de rachar.
Há por aí, uns senhores, que vivem
pendurados em satélites
E que dizem que não temos
“setembros”
- que eu não tenho setembro –
Porque demos cabo do clima!
Pronto, pois será. Estragámos a
porra do clima!
E depois? E agora?
Então não há ninguem que conserte
isto?
Atenção, ainda anda por aí muita
gente apostada em continuar a estragá-lo!
É por isso que o verão, tal como a
primavera, o outono e o inverno
Andam todos emaranhados e já ninguém
sabe ao certo se,
quando dizem que estamos no verão
se vamos à praia, apanhar um
resfriado
ou levar com um escaldão!
E se clamamos “isto está uma
seca!!!”
Se vamos morrer de sede, se ainda se
fica afogado!
E, é por isso que o verão resolveu
mudar de sítio
E também já não passa o tempo todo
em Sesimbra,
Nem em lado nenhum…
…nem em Setembro que era o lugar do
calendário
Em que as férias eram grandes e sabiam sempre a verão!
3 de setembro de 2022
AH, MEU GRANDE SETEMBRO!
Aqui na Ilha, só vejo aviões quando há fogo nas redondezas e os "canadairs", normalmente aos pares, vão abastecer à albufeira da barragem de Ribeiradio, para os lados de Couto Esteves, numa extrema do concelho.
Mal um desaparece e logo outro nasce no telhado do prédio.
Quando era miúdo gostava de ver os aviões - qual é o miúdo que não gosta? - e então ia com o meu pai ao aeroporto ver os "Super Constelation" , os 'Lockheed" e os "Caravelle".
Havia uma esplanada no cimo do edifício principal, o meu pai sentava-se a ler o jornal e a tomar o café enquanto eu bebia a laranjada e comia um pastel de feijão, sempre preferido, e lá estavam enormes na pista e depois que se elevavam no céu iam diminuindo até ficarem do tamanho de um que tinha no quarto em cima da estante. Depois, como hoje aqui da varanda, sumiam no meio do azul.
Voar também, em Portugal, teve adeptos muito cedo. Natural de Viseu, Severo Prudêncio, barbeiro, astrólogo, mestre de primeiras letras e com "carta de sangrador" passada pelo Hospital de Santo António, construiu umas asas de pano e a 3 de Setembro de 1540, teve permissão do senhor Bispo para se lançar do alto da torre da Sé de Viseu. Mas, falhou o objectivo de aterrar no Campo de São Mateus. Chegou a pousar no telhado da capela de São Luís, já em grande aflição mas um golpe de vento acabou por o atirar para a rua. E acabou perdendo a vida
Alguém provavelmente céptico ou demasiado crente, dizia que se Deus quisesse que o homem voasse, tinha-lhe posto umas asas.
Talvez...
Também na Grécia Antiga, Ícaro, o filho de Dédalo é comumente conhecido pela sua tentativa de deixar Creta voando — tentativa frustrada numa queda que culminou na sua morte nas águas do mar Egeu, mais propriamente na parte conhecida como mar Icário.
Outra versão é que Ícaro terá feito a sua tentativa voando com asas de cera e conseguiu ir até tão perto do Sol que o calor derreteu-lhe as asas e o pobre rapaz caiu. Vou mais pela versão do mar...
A propósito, já não é a primeira vez que sonho que consigo planar e penso que é comum a muitos sonhadores. Parece que pode ter muitos significados, mas representa, normalmente, domínio sobre si próprio e a felicidade num momento próximo de vida.
Assim seja!
31 de agosto de 2022
QUANDO TE INVENTEI
CONVERSAS COM O ESPELHO
11 de agosto de 2022
MARIA DA CONCEIÇÃO
O barulho que se ouviu, precedido de um grito, no passeio junto ao ascensor de Santa Justa foi mais um baque. Depois do susto transformado em surpresa, os transeuntes viram o padeiro caído de costas, camisa ensanguentada, ombro e braço direitos parecendo não pertencer àquele corpo tal a posição anormal que apresentavam, o enorme cesto que momentos antes levava ao ombro cheio de pão, partido em dois e o conteúdo derramado pelo passeio e pela faixa de rodagem da rua do Ouro e no meio daquela aflição, uma mulher ainda jovem com um casaco azul de lã por cima do que parecia ser uma farda de criada, meia de lado, olhos muito abertos, uma mancha de sangue na saia e com queixas na perna direita que parecia partida mas viva, ao lado do padeiro de olhos muito abertos, morto. O polícia de giro chegou a correr, do outro lado da rua, apitando estridente, na correria, ao mesmo tempo que gritava:
“Façam o
favor de se afastar…”
O círculo que
entretanto se formara em volta da cena, alargou ligeiramente, o suficiente
para o agente da autoridade entrar para o meio e continuar gestualmente,
bastão em punho, a dizer:
“Façam o favor de
se afastar…. Algum médico aqui?”
Médico não havia
mas surgiu a primeira testemunha…ainda a gaguejar pela violenta surpresa:
“Eu vi… eu
vi…foi ela…foi ela que caiu lá de cima… foi ela que matou o padeiro!”
O padeiro, era
uma figura conhecida ali, já que diariamente ao longo dos últimos cinco
anos fazia a distribuição do pão pelos restaurantes e cafés. João –
ninguém sabia o apelido – mas era o João, para toda a gente, sorridente, bem
disposto e amigo dos miúdos pobres que o esperavam, sentados junto ao
ascensor, para se aproveitarem da sua generosidade.
“Eu ouvi o grito
mas quando olhei já estavam assim… no chão…”
“Não, eu vi ela
cair em cima do João… foi ela que matou o João!”
Ela era Maria da
Conceição, dezassete anos, criada em casa duns ricaços que moravam prós
lados do Chiado - veio depois a apurar a investigação – que, por
entre choros e lágrimas, também ficou a saber o resto de toda este
drama naquela manhã de 10 de Julho de 1942, fazia o ascensor 40 anos!
Estava em casa da
família Portela, que moravam num palacete na rua da Misericórdia. Tinha
vindo com 13 anos de Alvações do Corgo, pequena povoação de 470
habitantes, do concelho de Santa Marta de Penaguião, situada na margem
esquerda do rio Corgo, afluente do Douro. Maria da Conceição viera para
Lisboa, mandada chamar por uma tia solteirona, cozinheira, em casa dos Portela
há mais de vinte anos, sabedora da estima que a senhora dona Emília tinha
por ela e mais das dificuldades que a irmã e o cunhado passavam lá na
terra quisera que a sua sobrinha dilecta não ficasse “enterrada viva” lá
na terra e, aproveitando o facto de ter sido despedida a sua ajudante por
desviar alimentos logo sugeriu cautelosamente a Maria da Conceição…
“Mas, ó
Maria da Paz, não será muito nova para a ajudar?”
Questionou
hesitante a senhora dona Emília ao ouvir a proposta da cozinheira. Que
nada, não senhora. Que a miúda era muito jeitosa para a cozinha que assim
tinha plena confiança – era só o que faltava – na sua ajudante, que podia
inclusive contar com ela para outras tarefas, como recados e que a senhora
ia ver que passado o primeiro impacto, ela se adaptava e logo seria uma das
melhores.
“Está bem, Maria
da paz… mas, atenção, se não for boa para o serviço não quero cá
encobrimentos… vai recambiada… entendido, Maria da paz? Só para você não
dizer que nem uma oportunidade dei. Também nunca me pediu nada.”
“Obrigada minha
senhora. Não se vai arrepender!”
Quatro anos
passam num instante mas, em quatro anos também se passa muita coisa. Maria
da Conceição prendeu-se de amores com um rapaz bem mais velho, um tal Álvaro já
em idade de ir para a tropa, ao fim de um ano e pouco de estar por
Lisboa. Ele era empregado de mesa num restaurante da rua do Alecrim, alto
moreno, bem falante logo se deixou também encantar por aquela moça vinda
lá do norte, também ela morena já num corpo de mulher, apesar dos quinze anos
que a jovem Maria da Conceição consciente da diferença de idades e com
medo que isso fosse motivo de separação, logo resolveu aumentar para
dezoito e meio, enfim quase dezanove! O namoro foi crescendo de
intensidade, a pontos da tia a ter avisado. Pela terceira vez.
“Maria da Conceição,
vê o que fazes da tua vida, rapariga! Olha que eu bem sei o que se passa e
podes ter a certeza que conto tudo á senhora…”
“Mas ó tia, eu
gosto dele. Vamos casar e…”
“Casar??? Mas tu
endoidaste, rapariga??? Estás a minha guarda e não te admito essa falta de
respeito, pior, de juízo, menina. Fazes favor arranja maneira de acabares
com o namorico. Eu até gosto do rapaz mas…”
Maria da
Conceição não disse que sim nem que não. A sua paixão crescia todos os
dias. E, um dia, endoidou de vez e aceitou o convite que Álvaro lhe
fez para lhe mostrar o quarto onde vivia, umas águas furtadas num prédio
já gasto pelo tempo,mas com uma vista espantosa para o Tejo. Combinaram
tudo para um Domingo que era a sua tarde de folga e aproveitando o facto da
tia ir visitar uma cozinheira amiga para Campo d’ Ourique estimou que
tinha a tarde livre para ir ter com Álvaro que também tinha folga.
Em três
meses, tudo se precipitou na vida de Maria da Conceição. Álvaro partiu
para a tropa e pouco depois veio dizer-lhe que tinha sido mobilizado para
os Açores. Era a guerra e era preciso proteger as ilhas. Maria da
Conceição despediu-se em prantos. A tia soube dos choros e à primeira
repreendeu-a pois julgava que o namoro com Álvaro já tinha acabado. O que
ela não sabia é que não só não tinha acabado, como tinha a sobrinha
grávida.
Uma manhã, o
carteiro trouxe uma carta da Ilha Terceira. Mas não era de Álvaro. Quem a
escreveu chamava-se Luís Filipe e dizia-se amigo de Álvaro. A carta não
era extensa antes pelo contrário, de modo que não foi difícil para
ela ficar a saber que Álvaro tinha tido um acidente de viação e
falecera a caminho do hospital militar da base americana.
Maria da
Conceição não conseguiu ler mais nada, completamente desvairada saiu porta
fora sem conseguir sequer dizer fosse o que fosse, numa correria
desenfreada sem destino, num choro que fazia toda a gente com quem se
cruzava ficar a olhar espantados com o aspecto aflitivo da jovem.
Sem saber como,
encontrou-se na plataforma do cimo do ascensor de Santa Justa, local onde
fora várias vezes com Álvaro. O Sol do meio dia bateu-lhe em cheio no
rosto, atarantou-a, cegou-a! As suas últimas palavras foram o nome do
namorado e … atirou-se! O homem que estava a uns cinco metros quis impedir
mas chegou tarde…
Maria da
Conceição deu um grito, já no ar, mas não impediu a sua queda no cesto de
João, o padeiro que nesse momento passava, em baixo.
CONVERSAS AO ESPELHO
9 de agosto de 2022
FELICIDADE É UM FIM DE TARDE OLHANDO O MAR
8 de agosto de 2022
MUNDO MELHOR
7 de agosto de 2022
A VIDA É DE QUEM SE ATREVE A VIVER
5 de agosto de 2022
ACREDITE
Acredite nas pessoas,
Naquelas pessoas que possuem
qualquer coisa mais
Naquelas pessoas que, por
vezes, até confundimos com anjos e outras divindades
Naquelas pessoas que existem
nas nossas vidas
E nos enchem de pequenas
alegrias e grandes atitudes
Naquelas pessoas que nos
olham nos olhos quando precisam de ser verdadeiras
Tecendo elogios e nos pedem
desculpa com a simplicidade das crianças
Naquelas pessoas firmes,
verdadeiras, transparentes
Que com um sorriso, um beijo
e um abraço nos fazem felizes
Naquelas pessoas que erram
mas, também, nas que acertam
Naquelas pessoas que sonham e,
também, nas que nos dizem…não sei…
Porque essas pessoas são
amigas
e a amizade é o mais nobre e
desinteressado de todos os sentimentos!
4 de agosto de 2022
NADA VEM OU VAI SEM UM CAMINHO