17 de fevereiro de 2017

ÀS VEZES HÁ LUZES NO CAIS


Da janela do meu mundo, ai de mim, que desespero
sem companhia de estrelas, de lua prateada
sem formas de marfim, sem aquele brilho infinito
fico sem sonho para ver, sem luz para sonhar.
Tacteio com os olhos doridos, num esforço de cego,
um esboço de brilho, uma forma de sonho, iluminado..
À procura de um porto seguro, sonho mais, mais e mais.
E, às vezes, há luzes no cais!

UM SOL SEMPRE À JANELA

NÃO IMPORTA QUAL SEJA A ESTAÇÃO
não importa como acorda o coração
um novo dia é sempre dia de agradecer
Por isso:
se decreta que a partir de hoje,
só vale a vida, em todos os acordares,
mesmo nos mais cansados,
mesmo nos mais penosos,
só vale o sorriso, em todos os olhares,
mesmo nos mais fatigados
mesmo nos mais idosos
só vale a leveza, em todos os andares,
mesmo nos mais pesados,
mesmo nos mais vistosos. .
só vale a ternura, em todos os corações
só vale a paz, em todas as orações.
 só haverá girassóis em todas as janelas,
que devem ficar abertas, de par em par,
para que o homem jamais esqueça
que o Sol é vida e o que importa é amar!

15 de fevereiro de 2017

NOITE DE NAMORADOS

NÃO SEI ONDE ESTAMOS o que pouco importa
porque a noite está a chegar com promessas de amor. 
Há nuvens de luz a nascer por detrás do infinito,
um brilho de estrela que mergulha no horizonte
claridade de sombras que deslizam pelo monte
e uma estrada líquida que reflecte o céu.
A ilha abriga-nos sentimentos; solta-nos intensidades
no crepitar das chamas as promessas de amor eterno.
Olhamos o silêncio das cores, à nossa volta.
Para o meu coração, basta o teu peito.
Para a tua liberdade, as minhas asas.


14 de fevereiro de 2017

DESERTO SEM SEDE


Marcado na face por sulcos de água de sal
não pode ser deserto, antes praia ou pantanal
este imenso areal coberto por um céu quase divinal
até onde o olhar se esforça, impreciso,
até onde tecto e chão se tocam, num traço indeciso.

13 de fevereiro de 2017

SONHO QUADRICULADO

Hoje foi a claridade de um Sol desmaiado por entre uma clarabóia de nuvens, que me acordou. 
E, acordei sem conseguir recordar aquele que (julgo eu) terá sido o último sonho 
que o meu subconsciente quis sobrepor ao real do consciente 
quando este, sem vontade de reter labirintos, deixou a informação perdida. 
Talvez uma noite destas, mascarado de novo sonho, regresse para ficar.
Labirinto nunca será algo imaginado para a gente se perder 
mas um desafio onde procuramos encontrar a saída de uma dificuldade 
ou um despertar da vontade e da perspicácia para essa superação.
Tantos sonhos estranhos que temos não são mais do que os casos e acasos da nossa vida 
que quisemos fechar no lugar mais profundo do labirinto do nosso cérebro 
mas, que uma certa noite, reaparecem disfarçados de absurdo 
que nem vemos a saída tão matematicamente certa 
como uma conta que nem precisa de prova dos nove ao lado. 
São sonhos quadriculados...

10 de fevereiro de 2017

DEFINITIVO


HÁ PEDAÇOS DE ALGODÃO 
soprados por um vento leve 
num tecto de azul imenso e intenso, 
cobrindo dunas alinhadas num sem fim,
tão definitivo de tão belo,
Tudo à nossa volta será um espanto 
se não nos julgarmos donos do que não temos.


COSTA DOS ESQUELETOS

ESTOU NO CIMO DO SONHO, na beira da escarpa, 
imensa duna de amarelada areia pedregosa 
que parece pronta a esfarelar-se sobre um mar 
que dança lá muito em baixo, murmúrio de águas temerosas 
sob um tecto plúmbio, num prenúncio de tempestade. 
Levanto a cabeça quando oiço um bater de asas
de uma formação de gaivotas no infinito à procura de abrigo.
E sinto-me, por momentos, menos só!
Até que as aves passem, num voo libertário que me transcende.