28 de fevereiro de 2014

FELICIDADE

Na vida, há coisas tão raras que se tornam demasiado caras.
Para outras, também escassas e procuradas, não há dinheiro que as compre.
Não por serem escassas e muito procuradas mas por serem especiais.
Porque não estão à venda.
Porque somos nós que as construímos.

FELICIDADE é uma delas!

OS TEUS OLHOS


Relâmpagos de céu incendiado com lágrimas rebeldes
Praias douradas sem ondas na pulsação tranquila do mar
Pássaros de folhas em bosque enfeitiçado pelo outono
Pedras preciosas com o brilho escaldante do meio-dia
Espelhos da alma com janelas de vidro transparente
Reflexos de luz no amanhecer de imensa paixão
Feras mansas pelo silêncio das tempestades sem vento
Estrelas consteladas nas noites de suaves encantamentos
Verdades com clarões nas intermitências do coração

Os teus olhos são a minha força e a minha vida.
Sem eles.
Cegarei!
Morrerei! 


26 de fevereiro de 2014

LUA


Homem na lua
que coisa crua
se tornou banal.

Explorou os continentes.
Fez a paz e fez a guerra.
Navegou todos os mares.
Lançou-se por ventos e ares.
Andou à volta da Terra.
E, agora foi à Lua.
Uma viagem tão louca
até podia ser trágica
Afinal foi coisa pouca.
E eu vi na janela mágica
que andava gente por lá!

Lua nova envergonhada
Tão carregada de mistérios.
Cheia dos apaixonados
De mel dos recém-casados
Lua dos quartos crescentes
e também dos minguantes.
Uma viagem tão louca
até podia ser trágica
Afinal foi coisa pouca.
E eu vi na janela mágica
que andava gente por lá!


(Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar o solo lunar, como comandante da missão Gemini VIII, na madrugada de 20 de Julho de 1969, naquela que terá sido igualmente a primeira grande transmissão do exterior via televisão em todo o mundo.)

O DESEJADO


Já caiu a noite sobre os campos de Shuaquen.
Há o vento do deserto e frio a cheirar a morte.
Milhares de corpos amontoados.
Os feridos, os mortos, os moribundos;
os mutilados sem glória nem esperança.

Vultos sonâmbulos, por entre pequenas fogueiras,
vão curvados na desgraça, agradecendo a sorte.
Nas sombras, vivos e esgotados.
Há gritos de agonia e outros furibundos
e arrepios, para apagar da lembrança.

Ao longe, entre duas dunas, no meio de palmeiras,
numa enorme tenda jaz no seu leito de morte
o jovem do elmo e da armadura dourados,
de sonhos loucos e dois golpes fundos.  
Da brava gente, poucos sobram da matança.

Desaparecido para sempre, no auge da contenda,
‘O Desejado’  lhe chamaram e nasceu uma lenda.



(Lisboa, 4 de Agosto de 1978 – 4º centenário da Batalha de Alcácer Quibir )



HOMENAGEM AO PEDRO AÇA


Se a regra é a vitória
na caminhada sem revês,
um empate de quando em vez,
não tira mérito à história
que este grupo de miúdos,
jogando mais que os graúdos
anda a gravar na memória.

Na bola como em quase tudo
para a coisa sair afinada,
é ter ‘maestro’ pr’á rapaziada.
E com este ‘míster’ é-se sortudo,
pois mesmo em início de carreira
a este ‘Mourinho’ da Pateira
já só falta o sobretudo.

Não lhe falta competência,
exigência tem de sobra
com vontade de fazer obra,
não se lhe sabe arrogância.
Antes prima pela humildade.
Vive o êxito com naturalidade
e sempre com elegância.

E, depois, sendo professor
tem mais essa obrigação
que é apostar na formação.
Desempenha o papel a rigor,
ensina, educa e premeia
assim como critica a falta feia.
E a malta ouve o treinador.

Mas, não há bela sem senão! 
E, como ninguém é perfeito
apesar de ‘leão’ ao peito
o nosso homem é ‘lampião’!
Perdoe-se o pequeno defeito
pois aqui é que já não tem jeito
nem lá vai com formação.


Em Fermentelos ninguém passa
nem que venha o mais pintado
quem manda naquele relvado
são os putos do Pedro Aça.
E, para que dúvidas não existam
é só ir ver e ouvir como gritam
‘só eu sei porque não fico em casa!!!’



Parabéns ao Pedro Aça e a todo o grupo de trabalho.
Aveiro, 14 de Janeiro de 2007

25 de fevereiro de 2014

DESPEDIDA


Chegou a hora e não vieste. 
Ainda bem!
Quando tudo começa a mover-se
quando tudo começa a ficar para trás
não suportaria ver-te, cada vez 
mais longe, 
mais pequena,
até ao limite em que morrerias no meu olhar.

Prefiro assim.

Levo-te na minha memória, no bater do meu coração,
no sentir da minha pele.
Levo os nossos momentos e aquela última tentação
no sentir da minha pele.
Levo na minha bagagem tudo o que juntei no tempo dos dois
no sentir da minha pele

Se tivesses vindo, já não diria adeus.

Amo-te!
Sinto-o na pele.


...

18 de fevereiro de 2014

MOMENTO PRESENTE


Se o passado é tudo aquilo que já foi
e o futuro apenas aquilo que ainda não é.
Porque aquilo que logo deixa de ser
se transforma naquilo que ainda não é.

O presente é o relâmpago fugaz na nossa vida 
com a duração do instante que passa.

PAIXÃO SECRETA


Sigo-a! 
Primeiro, apenas com o olhar,
Meio encolhido no banco do parque.
E, ela passa, sem notar.

Sigo-a!

Depois, a seguir a ela. A caminhar.
Espécie de disfarce; de espionagem.
E, ela continua, sem notar.

Sigo-a!
Mas nunca, nunca a irei alcançar.
Meio encolhido. Espião disfarçado.
E, ela continuará; sem notar!

Porque é que não consigo dizer-lhe que a amo.
Sem notar!

8 de fevereiro de 2014

AZENHAS DO MAR


Um casario de paredes brancas
com janelas recortadas a azul e amarelo,
labirinto de pátios e varandas
atraídos pelo brilho que sobe pela escarpa
em reflexos tranquilos, ao Sol do meio dia.
O mar estende-se até à linha do infinito
e, no vai e vem sem descanso
atira-se para a pequena enseada
numa revolta de espuma.
O crepúsculo do poente, tudo amansa.

Na varanda a desabar sobre o mar,
despimos-nos de nós, almas despertas;
e viajamos, à solta, pela madrugada.
E o mar é espelho de estrelas e de lua prateada
pontuado por cintilações incertas.


7 de fevereiro de 2014

DECISÃO


É o mais importante na vida
ainda que se decida
não tomar qualquer decisão.
Portanto, entre o ficar e o ir,
não fazer coisa alguma;
entre o sim e o não
dizer coisa nenhuma,
também é decisão!
Por isso,
decidir ou não decidir
eis a questão.

GEOMETRIA


Elementos intuitivos, primitivos,
formas e figuras. Espaço.
E uma medida concreta. Solução.
Réguas e esquadros
Triângulos e quadrados.
Do círculo, a quadratura. 
Do cubo, a aventura da duplicação.
Pontos e pontos. Traço.
Plano, área sem espessura.
Tudo me causa embaraço.
Mas tem explicação.

5 de fevereiro de 2014

MONA LISA


O sorriso que ornamenta o museu 
só pode ser visto não olhando para ele.
Tem uma tela pintada em redor
com sombras de subtileza, 
com paisagem de chão e sombras.
Sente-se uma ligeira aragem.

Por indecifrável mistério, assim o moldou.
E assim ficou,
sorrindo misteriosamente.

2 de fevereiro de 2014

SALVE LUAR


Não fora aquele luar vertiginoso
riscando uma estrada de prata
na noite cintilante de estrelas, azulada;
e, aquele amor fragmentado
não teria retornado
espalhando esperanças, radioso,
pela névoa branca da madrugada.