9 de agosto de 2016

DE REPENTE, NO ESCURO DA NOITE







De repente, no escuro da noite 
uma luz tremula no fundo da mata densa
um vulto corre do fundo da noite, para a noite funda,
perseguido pelo seu próprio crime.
Uma sirene toca um quarto de hora depois.
Portas que batem, janelas que se abrem
nas casas espalhadas pelas ruas da vila. 
Há uma correria de botas sobressaltadas
de vozes estremunhadas, de rostos apressados
A encosta explode num vermelho dantesco
o fumo, pano de cinzas, fez fugir lua e estrelas 
e lá no alto, lá ao longe, um sino toca a rebate.
O enorme carro vermelho voa, estrada abaixo, 
num coro de luzes azuis e guinchos estridentes
leva rostos estremunhados, vozes sobressaltadas
descanso interrompido de um sono apressado.
Nas casas que ficam para trás, pelas ruas da vila,
as janelas vão-se fechando numa angústia lenta
Há vultos que ficam por detrás das vidraças
espreitando a noite iluminada, numa esperança atenta
e o enorme carro vermelho, na vertigem da pressa
voa em estridentes avisos azuis, para o inferno!