17 de setembro de 2020

A PROPÓSITO DE TANTA COISA E DE NADA

 


Para Mia Couto, o paraíso não é um lugar mas breves momentos que conquistamos nas nossas vidas. Concordo com ele.

Com o pensamento, a magia das suas frases, a criatividade inigualável como usa as palavras ainda que, às vezes, me apetecesse discordar só “porque sim”.
Mas não seria racional e até o coração se revoltaria!
Memória selectiva.
Recordar apenas os “paraísos das nossas vidas”.
Porque se pode apagar o que incomoda?
Porque se consegue esquecer o que afronta?
Pode ser defensivamente eficaz, interessante, mesmo inteligente.
Mas não será antes a desculpa do coração para tentar enganar o cérebro?
Há quem diga que consegue perdoar mas não esquecer.
Parece-me um exercício precário, além de difícil.
Perdoar sem esquecer? Talvez.
O inesquecível existe; o imperdoável também.
Se não esquecermos o inesquecível como perdoar o imperdoável?
O que importa no fim de cada dia é como nos sentimos na nossa busca pela felicidade enquanto vamos conquistando pedaços de “paraíso”.