4 de dezembro de 2020

sobre coisas que só percebemos depois

 

Os dois dias mais importantes das nossas vidas são: o dia em que nascemos e o dia em que descobrimos quem somos
Haverá quem discorde disto.
Corre-se sempre o risco do contraditório quando emitimos uma opinião e "universalizamos" esse pensamento. Vou, então, "singularizar" dizendo que os dois dias mais importantes da minha vida foi o dia em que nasci e será o dia em que descobrir quem sou.
O primeiro é muito fácil de definir pois comemoro-o, anualmente, tem data fixa e existe enquanto eu existir - já fiz 72 ciclos de calendário - no dia em que voltar a ser pó, ficarei sempre com a mesma idade para os outros que por cá continuarem.
Todos os dias quando acordo e me olho no espelho não sei se me vejo se estou a ser observado. A minha "religião" é tão simples que não tem deuses a quem tenha de estar, diariamente, grato pelo milagre de me encontrar vivo e existir;
Talvez me interrogue mais e tenha de me esforçar mais ainda para que possa encontrar as respostas ás perguntas que faço a mim mesmo sobre mim.
De qualquer forma, sinto que esse dia ainda não chegou pois se somos seres em permanente construção, atrevo-me a pensar que quando for dado como morto ainda uma parte de mim, me está desconhecida.
Deduzo, então, que os dois dias mais importantes das nossas vidas são o dia em que nascemos e o dia em que deixamos de existir, ou seja, os extremos equidistantes de um ponto algures no meio das nossas vidas.
Na verdade, nunca nos chegamos a conhecer.