14 de novembro de 2014

E DEPOIS...

Nestes dias em que a chuva não descansa,
o vento agita esqueletos de árvores,
varre restos de Outono, numa dança. 
e o cenário perde as cores naturais, 
Tudo fica mais sombrio sem luas redondas 
nem estrelas intermitentes.
Não há nada que dê maior conforto 
que os escaldantes reflexos da lareira acesa,
por perto, um cadeirão envolvente, 
uma manta bem quente,
e o livro que se elege, companheiro de horas, 
o longínquo "Capri c'est fini" do Hervé Villard
ainda com a mesma voz do tempo do vinil.
E depois... 
depois, acontece o teu sorriso 
que, sem que eu saiba porquê, ainda mexe comigo
ainda me faz voltar, adolescente,
aos tempos do quando tudo era tão tranquilo 
e brilhante como um céu azul.