24 de janeiro de 2017

ESPERA MAIS UM POUCO....


ACORDAVA SEMPRE MUITO CEDO Demasiado cedo.
Era normal a casa ainda dormir num silêncio profundo
apesar dos raios de Sol empurrarem as portadas da janela.
Ficava, então muito quieta, naquela apatia de enganar o dia
sem vontade de sair do lençol morno enrolado ao corpo
sem vontade de tirar a cabeça da almofada dos sonhos.

Todas as noites, antes de adormecer, ia amontoando dias
um passado feito mais de incertezas e de muito poucas alegrias
e então questionava-se sobre a moral e a justiça da vida. 
Enquanto que para uns, a felicidade parecia estar à porta
para outros, para ela também, um caminho tortuoso e difícil, 
sem abrigos nem descansos desgastava-lhe a vontade de ser.

Talvez, por isso, o sono fosse encurtado num sobressalto
muitas vezes assaltado por um pesadelo cruel.
Certamente, por isso, ela desejava esperar mais um pouco
muito quieta, escutando o silêncio sombrio da casa
esquivando-se aos raios de Sol que anunciavam o dia,
sem vontade de sair do lençol morno enrolado ao corpo
sem vontade de tirar a cabeça da almofada dos sonhos.

E ficava acordada! Fechava os olhos e ficava acordada, 
fingindo dormir, só para enganar o seu inconsciente,
para poder ser ela a comandar um sonho 
onde coubesse um futuro com a felicidade sempre à porta!