5 de janeiro de 2018

ÀS VEZES, QUANDO A NOITE JÁ DURA

ÀS VEZES, QUANDO A NOITE JÁ DURA, deixo-me levitar e ponho-me a pairar pela sala, sem que ninguém note, numa espécie de vácuo imaginado que me sustenta o sonho. Na verdade, continuo sentado à mesa e parcialmente tapado pelo monitor do 'pc' a fingir que escrevo, a fingir que estou.

UM DIA ESCREVEREI A HISTÓRIA DO QUE NUNCA FOI... 
Serei então como um mentiroso compulsivo que construiu o mundo do que gostaria que fosse, o incontornável desejo de que a sua mentira seja a verdade capaz de enganar!


PORQUE TUDO O QUE FAZEMOS NA VIDA é uma espécie de cópia imperfeita do que gostaríamos que fosse. Como a perfeição só existe internamente, somos apenas os arquitectos imperfeitos dos projectos que criamos no nosso íntimo e que apenas nós dizemos perfeitos!

DEUS SÓ EXISTE NA CABEÇA DO HOMEM - só de alguns homens - e deve ser justamente por isso que é a invenção ao mesmo tempo, mais sensível e mais contraditória. E, porque não conseguiram materializá-la, assim ficou a ideia que cada um tem da sua natureza, da sua vontade e das suas manifestações tão infinitamente diversas.

SOU UM SIMPLES NÃO CRENTE.
Gosto do silêncio imóvel das catedrais vazias. 
De respirar a paz que existe no silêncio imóvel das catedrais vazias porque me ampara nos meus cansaços, fortalece-me nas minhas fraquezas, ajuda-me nas minhas hesitações, realiza-me nos meus devaneios. afaga-me nas frustrações e é o eco dos meus pensamentos e o ânimo para prosseguir. No silêncio imóvel das catedrais vazias. não serei descrente. Sou um simples não crente. que crê de maneira diferente.
EIS-ME DE REGRESSO, silencioso e discreto, ao meu lugar. Escassos minutos de um voo translúcido, intervalo necessário para descansar o cansaço de mais um dia e reganhar à noite a harmonia do tempo que importa.

Quinta do Sobral, 5 de Janeiro de 2018
ANO NOV
O (OUTRA VEZ)