1 de abril de 2019

AO CAIR DO PANO

É o silêncio da noite que amplia os sons da noite
A música, oiço-a ao longe, translúcida e leve
E há, tenho a certeza, um violino que chora
Sons hesitantes, unidos numa espécie de lamúria
De quando em quando, interrompe-se num silêncio breve
Talvez seja a negrura da noite que lhe magoa a melodia
Lhe desconcerta a consonância, lhe fere a fúria
Talvez seja a lua quase nova, num estertor minguante
Que não abra caminhos de prata nas águas da baía
Ou estrelas vagabundas escondidas atrás das nuvens
Não sustentem o sonho, seja por um instante
Por tudo isto ou por outra razão qualquer.
Amanhã, quando nascer uma nova claridade
Talvez o violino se alegre, se ainda lá estiver!
E me rasgue esta saudade...