10 de outubro de 2020

SOBRE O PENSAMENTO: O MEU E O DO OUTRO

 

Como não tenho o dom de ler pensamentos, esforço-me por tentar conhecer o outro e antecipar o que faria se fosse ele, embora saiba que por variadíssimas razões nem sempre é possível.
"O que farias tu no meu lugar?"
Esta é a pergunta assassina. Porque quem nos pede conselho está, de facto, à espera que a nossa opinião seja mais ou menos concordante com o seu pensamento; por isso, apesar de nos pedir opinião, não deseja ouvir coisa diferente da sua.
E, assim, ou formatamos o nosso pensamento pelo outro e dizemos o que ele quer ouvir e não o que faríamos ou agimos de acordo com o que pensamos sobre o tema e teremos de suportar um ar contrariado do outro senão, por vezes, carregado de insuportável enfado.
"O que farias no meu lugar?"
Não sei! Simplesmente não sei! Apenas sei que faria diferente. É um paradoxo que não satisfaz quem pergunta nem sequer é inteligente para quem pretende "salvar-se" do aperto.
Por isso, há quem opte por nunca dizer nada de nada e é nesse silêncio enigmático mas também insípido que se tenta manter uma postura sem mácula, parecer um espírito benevolente e compreensivo, dar um apoio ainda que falso.
"O que farias no meu lugar?"
Porque tu és tu e eu sou eu, é quase impossível que fizéssemos igual!
Por acaso, já estive num lugar parecido como o teu e fiz outra coisa.
E resultou! Para mim, deu certo. mas, como tu és tu e eu sou eu, não posso garantir que contigo vá dar certo.
Faz o que achares que é melhor para ti.
"O que farias no meu lugar?"
Como não tenho o dom de ler pensamentos, esforço-me muito por te conhecer e antecipar o que faria se fosses tu, ou seja, o que tu farias se fosses eu. É bom ter uma opinião mas dar uma opinião é tão difícil que é bem mais fácil não a ter.
Mas, devemos evitar um erro. Pedir opinião a quem não a quer dar!