12 de março de 2021

ERA UMA VEZ, UM DIA

 

Adormecemos num mundo e acordámos noutro;
num repente as ruas e as praças das cidades ficaram desertas
os jardins e os parques estavam ainda mais verdes e atraentes
mas ninguém andava nos caminhos ou descansava, ao Sol, nos bancos.
e aos domingos não se viam os piqueniques, nem namorados,
nem as crianças que costumavam saltitar como pequenos pássaros ,pela relva
o planeta, subitamente, pareceu ficar desabitado
ou desabituado de tudo o que era nosso;
abraços e beijos tornaram-se armas mortíferas
não visitar família e amigos passou a ser um acto de amor,
havia muitas mais pessoas doentes e muitas mais a adoecer nos hospitais
apesar do esforço do homem e da ciência
havia mais mortes, a cada hora que passava;
de repente ficámos a perceber
que poder e dinheiro passavam a valer menos, muito pouco, nada
e, não conseguiam substituir o oxigénio
que milhões de pessoas precisavam, desesperadamente,
para poderem continuar a viver.
Mas a Terra continuava a girar,
quem a visse do espaço, certamente vê-la-ia mais azul, mais bela
por ser o único lar que temos
e nós, os humanos enclausurados em vida,
deveríamos já ter percebido que se todos os restantes animais
mais as árvores e as flores, o mar e o ar, água e o céu,
vivem melhor assim, sem contar connosco, sem precisarem de nós
torna-se urgente
matarmos a nossa arrogância, deixarmos a nossa prepotência,
não nos julgarmos pela nossa imprescindibilidade egoísta
para quando chegar o momento de voltarmos a ser nós
que o sejamos como sempre deveríamos ter sido!