24 de março de 2021

O QUE EU NÃO QUERO

 

Não quero sonhar campos verdes, por baixo de céus azuis
nem manchas de girassóis, sempre à procura do amarelo solar
nem casas de telhados verticais a escorrerem pelas encostas
nem despertares de luz a trespassar vidraças adormecidas
nem crepúsculos de sóis em fogo na linha do horizonte
nem luas de prata a sorrirem estrelas cintilantes no céu
nem rios inquietos que se afogam em mares sem fim.
Sonhos para serem mesmo sonhos devem ter impossibilidades,
devaneios loucos, inconscientes, mas libertadores como aves
bandos pelos ares, um súbito e multicolor bater de asas,
numa vertigem de encantamento, um sopro da invulgaridade.