15 de janeiro de 2014

ACHO-LHE GRAÇA


Acho-lhe graça. 
Pronto!
Não sei se é a madeixa ruiva
que lhe escorrega para a testa
se o olhar esverdeado e traquina
que a ilumina como uma festa
se os lábios finos, rosados,
tão bem desenhados
que parecem sempre sorrir
se aquelas pequenas sardas
na pele branca de marfim
se o jeito de andar, solto,
mais um pairar de tão leve
que me deixa fora de mim.

Acho-lhe graça.
Pronto!
E, eu não consigo evitar,
fico-me por ali, de pé,
com a chávena na mão direita
a fumegar pensamentos tontos
junto ao balcão do café.
E ela chega, através da esplanada
através da montra, através do ar
e eu não consigo evitar,
não sei se é a madeixa ruiva
se a traquinice no olhar
se os lábios bem desenhados
se é ela a pairar.

Acho-lhe graça.
Pronto!
E fico ali, meio tonto!