26 de abril de 2021

LOLA

 

Vem aí tempestade, Lola, "a furibunda",
selvagem, indomável, fêmea à desgarrada
soprando águas e granizo, tudo inunda
dos elementos na natureza martirizada.
Lá do alto, desce a diaba vagabunda,
rodopia ventos, numa fúria apressada
levanta lamas, numa nudez imunda
ante impotentes defesas desgastadas.
Nos mares verdes, morre uma esperança
no céu troveja a voz duma bombarda
cheira a catástrofe na voz da lembrança.
A primavera interrompe-se, mas aguarda
que passada tempestade, numa bonança
regresse Sol e brilho, uma nova alvorada