8 de setembro de 2011

4 ESTAÇÕES

'Primavera'

Sei que gostas de um beijo, ao acordar,
desde que seja quente, seja lento
na testa, na face, em qualquer lugar,
mas que dure mais que um momento.
Que seja para recordar.

E, fico à porta do quarto, a olhar-te
no sono tranquilo, num prazer sonolento.
És rio, pardal, flor, primavera da minha vida,
amante, fêmea, de um sonho renascida. 

Não consigo deixar de amar-te!

'Verão'

Há tanta coisa linda neste azul dourado
que não sei se sonho, acordado
tal a intensidade da luz que me assombra.

Com o vermelhão, na linha do horizonte,
do dia que morre, a noite que desce no monte
e cresce num mar de sombras.

As palavras sabem a amor, numa paz amena
e nos meus lábios, o gosto do teu beijo salgado.

Pelo teu corpo anda o perfume da alfazema.    

'Inverno'

O fogo dança na lareira de pedra nua,
ventre de chamas, corpo de afectos.
Olhos nos olhos, num encantamento
que perdura; a minha mão na tua,
no silêncio de que conhece os trajectos,
os caminhos de uma vida, abertos.
Suspiros de amor em movimento
onde ardem os nossos vulcões despertos.

'Outono'

Mistura de silêncios e de cores de sol-posto
chão de folhas secas com restos de luas,
ainda na memória do tempo, o doirado Agosto
e já dança o vento, no prenúncio de árvores nuas.

Pelo fim da tarde, sei de um reflexo no teu rosto
de um Sol que se despede em cores mais cruas;
só no afago dos teus lábios que sabem ao mosto
e a mel de uvas. Sabores meus, vindimas tuas.

Olho os cenários que, a pouco e pouco, empalidecem

enquanto no tempo, os teus cabelos amadurecem.