7 de maio de 2015

BOA NOITE


Fecho os olhos por uns momentos; volto a abri-los.
Volto a abri-los muito. Mais!
As pálpebras pesam, pesam. Pisco os olhos. 
Esfrego os olhos. Abro-os muito. Mais!
Estou farto de fazer este exercício para ver se não adormeço.
Mas, com a televisão no quarto, adormeço mais depressa.
Lá está a pequena caixa mágica pousada no topo do camiseiro
Quase aos pés da cama. Narcótico!
Já tive aparelhos de televisão pela casa toda.
Na sala comum, claro está. Em frente ao sofá.
Na cozinha. Um mais pequeno, em cima do frigorífico.
Por vezes, pergunto-me se transmite apenas as desgraças das notícias
ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar, numa cadência feérica.
Nas salas de banho não temos nenhuma televisão.
Mas, seria interessante, por exemplo, ver em directo os debates
na Assembleia e ouvir aquela algazarra enquanto…
Ah! Mas nos quartos é óptimo. Vestimos os pijamas,
deitamo-nos e aconchegamos a roupa como se estivessemos no polo,
ligamos a televisão e depois adormecemos; é um instante.
Felizmente existe um temporizador.
A televisão adormecerá logo a seguir. Sem dor!
Boa noite!